ESTELIONATÁRIO REVELA COMO APLICAR O GOLPE NAS VÍTIMAS.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, na manhã de ontem, o paranaense, natural de Missal, contou com detalhes como os golpes são aplicados e explicou a facilidade com que abre contas bancárias usando documentos falsos. “Sem nenhuma movimentação, é possível obter de R$ 20.000 a R$ 50.000, em cada uma delas”, disse o acusado.
Ele confessa que os estelionatários conseguem facilmente obter dinheiro com empréstimos consignados em nome de terceiros, além de efetuar saques no limite da conta e do cartão. Mas antes é preciso ludibriar o banco e abrir as contas com documentos falsos. Contudo, para Silvio essa parte não é difícil. “Se você chegar bem vestido, com uma aparência de rico, consegue aplicar os golpes. O que faz o estelionatário é a postura dele e a sua aparência”, contou.
De barba feita, mas sem o paletó com o qual foi preso, que segundo ele, custou R$ 1,8 mil, o acusado, que está há 11 dias recolhido na carceragem da DDF, contou que o grupo do qual faz parte tem ramificações em vários estados, como Goiás, Tocantins e Ceará, além do Distrito Federal. Sem nenhuma modéstia, afirma que, atualmente, na quadrilha não tem ninguém com a sua idade, aparência e perfil. Sem citar os nomes dos chefes do bando, ele relatou que a quadrilha é numerosa e também atua no ramo de financiamentos fraudulentos de veículos. Sílvio disse que no ano passado, em São Paulo, 96 caminhões foram comprados dessa forma, mas a Polícia paulista descobriu o golpe e a operação foi frustada na hora da entrega.
Um filme
O estelionatário disse que há um ano e meio começou a aplicar golpes, depois que saiu de um emprego como supervisor em um frigorífico, no Mato Grosso. Sílvio revelou ainda que se inspirou no filme ‘Prenda-me se for capaz’. Baseado em uma história real, a película tem o ator Leonardo de Caprio, interpretando um falsário, que aplicava golpes em bancos, empresas aéreas e hospitais. Na trama, o estelionatário Frank Abagnale Jr. chegou a descontar R$ 2, 5 milhões de dólares, em cheques falsos.
Sílvio diz que, como a personagem, demorou a ser preso, mas não ganhou muito dinheiro com os golpes. Segundo ele, grande parte do que ganhava era gasto em roupas e em restaurantes caros. “Estelionatário não anda em lugares de pobre. Quando você está em um bom restaurante, você saca o cheque e assina. Lá, o garçom não vai conferir se o cheque é quente”, contou o acusado no gabinete do delegado Jaime Paula Pessoa Linhares.
Sílvio só não foi ainda solto porque a Polícia o autuou em flagrante por vários delitos, entre eles, falsificação e uso de documentos falso. Ao ser detido, ele portava três carteiras de identidades com sua fotografia, mas nomes diferentes.
Ele contou ainda que a cadeia fez com que mudasse de idéia sobre a vida que levava. “Quando for solto pretendo arrumar um emprego. Tenho curso superior incompleto em administração, mas o dinheiro fácil me fez ir para este mundo. Agora, só quero um emprego decente”, completou.
Liberdade
Ao contrário de Sílvio, outro integrante da quadrilha já está em liberdade. Trata-se do segurança patrimonial Ályson de Assis Leite, 24, que foi preso depois de Sílvio, mas na última segunda-feira pagou fiança arbitrada pela defesa e deixou o mesmo xadrez da Delegacia de Defraudações e Falsificações, no Centro.
Ályson havia sido detido pelos inspetores da DDF quando tentava receber de um carteiro cartões e talões de cheques que havia pedido utilizando nomes falsos. Autuado apenas por tentativa de estelionato, Ályson passou 96 horas detido.
Ele usava dados cadastrais de servidores públicos para obter empréstimos consignados ilegais, além de apresentar declaração de renda falsa.
PISTAS
Investigações policiais logo podem apontar chefe do bando
As investigações sobre o grupo que está atuando em Fortaleza aplicando golpes contra instituições financeiras e cidadãos está avançando de maneira rápida, segundo a análise feita pela Polícia. “A cada dia, novas descobertas são feitas, estamos trabalhando para identificar e prender o chefe do quadrilha”, disse o delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações.
De acordo com Linhares, todos os dias vários registros são feitos na DDF, com denúncias de pessoas que foram vítimas de golpes, como empréstimo consignado e financiamento fraudulento de veículos. Do último dia 13 até ontem, 77 pessoas e empresas confessaram terem sido enganados por estelionatários. Para Linhares, a fragilidade do sistema bancário favorece a fraude.
Segundo ele, as facilidades com que essas transações são feitas nas instituições financeiras favorece a atuação dos golpistas. “Foram 29 vítimas de empréstimos consignados que nunca o fizeram e 23 de financiamentos fraudulentos de veículos. Quando a pessoa é alertada, seu nome já está nos órgãos de proteção ao crédito.” Os golpistas presos são liberados em poucos dias.
EMERSON RODRIGUESEspecial para Polícia
Fonte: www.diariodonordeste.com
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